terça-feira, janeiro 27, 2009


Querer curtir é da idade. Sempre fui uma adolescente tranquila, nada de muito namorico. Com 12 ou 13 anos, enquanto minhas amigas corriam atrás de garotos e beijavam na boca, eu brincava de boneca, fazia casinha pra barbie, conversava sozinha, ouvia minhas músicas, já tinha me apaixonado, mas meu mundo nao era só garotos. Aliás, nunca foi.

Depois que ele apareceu, meus olhos se abriram pra coisas jamais vistas, pra sentimentos jamais sentidos, pra desejos que nem seu sabia que existia. Ele só me abriu um mundo de possibilidades. Já não quero pensar nele, e não penso, digo que no auge dos meus 20 anos, ele foi meu amor de adolescencia, ou será desejo reprimido?

Querer curtir é da idade, que garota de 20 anos nao quer ser desejada? Ter várias opções para escolher? Mas ao mesmo tempo sou uma mulher independende, que sabe se virar e não é igual as outras garotas de 20 anos. Existem fases na vida de uma mulher, às vezes cansamos de tantas deilusões e entramos na fase "piriguete" ligando o foda-se no mode ON e querendo aproveitar a vida, festas, amigos, baladas, homens...E estar solteira é um convite e tanto pra isso. Tenho sede de viver, de conhecer, de experimentar. Nesse mundo de possibilidades existem mil portas esperando serem abertas ao desconhecido, ao acaso. Quero viajar até a mala furar, dançar até os pés dizerem chega, conhecer gente até não aguentar mais. Mas mesmo assim, trocaria TODA a minha vida de solteira, de baladas, e gatos pra me apaixonar por uma pessoa que me faça sentir e eu o faça também. Apesar de que namorando também pode-se curtir amigos e baladas, eu trocaria mesmo toda a minha vida de solteira por uma pessoa que valesse a pena. Desejar e ser desejada, amar, fazer companhia, ter um colo pra deitar e outro pra oferecer, ver o pôr-do-sol na praia, dar aquele abraço... Mas não adianta, enquanto nao encontrar alguém que faça me coração bater mais forte, que seja reciproco, e que nao precise de joguinhos de conquista, vou levando a vida, tentando disfarçar que gosto de estar sozinha.
Afinal, como diz a poetisa Monica Montone: "[...] A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja “a cereja do bolo tribal”, enxerga apenas o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.[...]Podemos aprender a amar se relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optar. E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento… É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins."

sábado, janeiro 10, 2009

Pára que eu quero descer



Cansei de brincar de ser boazinha. Cansei de tentar ser alguém que as pessoas gostem, o estereótipo perfeito, uma pessoa legal, simpática, educada, que está sempre disponível para ajudar os outros, que abdica de sua própria vida em função dos outros, sempre dizendo “amém” para todas as coisas e acima de tudo, magra, afinal ter um corpo “perfeito” é imprescindível nos dias de hoje. Odeio com todas as minhas forças essa sociedade hipócrita que valoriza o ter e o ser exteriormente do que um caráter descente. Somos rodeados de pessoas egoístas, que não tem vergonha em te medir, em ter preconceitos, em tirar proveito, em mentir e pisar em quem quer que seja para atingir seus objetivos medíocres.
Não quero arrumar desculpas por eu não conseguir emagrecer, mas tem hora que prefiro estar fora do que chamam de “gostosa” por aí, pelo menos os amigos que se mantém perto de mim é pelo que eu sou de verdade, pelas minhas ações e personalidade, não pelo meu decote e cinturinha de pilão. Não vou negar que sinto inveja de ser desejada, mas me sentiria muito mais inútil sabendo que as pessoas se aproximam de mim só porque sou bonita. Na moda das mulheres frutas, eu prefiro ser professora e ganhar relativamente pouco do que precisar mostrar a bunda e dançar o créu pra ganhar dinheiro. O mundo está do avesso, nós que trabalhamos com formação de crianças e adolescentes ganhamos “pouco” e uma “gostosa” que mostra a bunda e não contribui em nada pra sociedade ganha milhões de reais. Alias, além de não contribuir para o crescimento, ajuda com a depravação da humanidade.
Gosto dos meus alunos, eles vem algo além de exterior, conseguem enxergar inteligencia, e caráter em mim, eles são capazes de cultivar sentimentos de admiração e carinho, simplesmente pelo fato de que passam 3 horas semanais comigo, trocando conhecimento. Eu também os admiro, gostaria de saber como é a vida de cada um, seus talentos, defeitos, lutas, fracasso, tenho certeza que dariam livros de lições de vida.
Cansei de frases feitas e promessas de amor incondicional, ando duvidando da existência de sequer um tipo de amor, que dirá incondicional, parece que o amor e a consideração dissipou-se ao longo dos séculos. Sempre amei incondicionalmente as pessoas, e o que recebi em troca? Desprezo. Fui cada vez mais entrando no meu mundo, cada vez mais me afastando de todos, me fechando na minha própria concha, e a cada vez que resolvo abrir um “teco”, entra areia na concha, e irrita, machuca, dói. Então voltam todos os meus dilemas existenciais. Cansei de falsidade e egoísmo. O que eu fiz pra atrair essas coisas? Quer dizer que amar, ser amiga, ajudar, fazer o possível e o impossível por aqueles que rodeiam, atrai tudo ao contrário? Façam-me um favor: vão todos a puta que pariu. A cada vez que a concha abre, é agredida e volta a se fechar, ela fica mais arredia, mais estúpida e mais incrédula. Mas sabe, eu não faço parte do mundo de vocês, é por isso que entra ano e sai ano e eu não me adapto, no começo é tudo festa, mas depois quando os olhos se abrem é um inferno. Eu já fui a última das românticas, mas hoje, só consigo ser fria. Não consigo abraçar, não consigo beijar e nem passar a mão na cabeça. Um balde de gelo e só. A cada vez que eu abro meu mundo, sou invadida, jogam pedras, atiram coisas, palavras, olhares e gestos que machucam. Será frieza ou sensibilidade demais?
O que mais me mata é que esse coração mole ainda acredita na mudança, acredita num mundo melhor, acredita que as pessoas abrirão os olhos o mundo, mas é pura ilusão. Só sei que o que sinto, é ruim, é dolorido. Queria entrar no buraco do tatu, e ficar lá, quietinha, vivendo o meu mundo sozinha. Sem saudade do que as pessoas foram um dia pra mim, sem saudade de momentos que julguei tão importante, mas que não passaram de simples momentos.

 
©2007 Elke di Barros Por Templates e Acessorios